domingo, 13 de maio de 2012

Dia Das Mães.

Hoje é 13 de Maio. Eu adoro esse número: 13 - pois eu queria ser apenas um número. Eu - que reduzo apenas à um nome. Então, o meu segredo é 13. Pronunciarei o 13 como uma prece, só assim Deus virá a meu encontro. Deus, vinde a mim.
Hoje é 13 de Maio. Dia das Mães. Tão frio como uma ausência que os sinos badalam em meu corpo - é assim este domingo. Eu, na minha natureza de homem que sou, sinto-me capaz de abrigar todo o Mundo em meu ventre - como uma mãe que sempre está a espera do filho que nunca chega em casa na hora certa. Sou mãe de mim mesmo, sou mãe daqueles que eu adoro. O segredo de uma mãe é sussurrar o 13 aos ouvidos do filho que dorme. Assim como eu: que boto esse Mundo na cama, conto-lhe histórias, troco-lhe os curativos, dou-lhe leite e cafuné. Também choro um pouco quando me encontro só, parado à janela, olhando as coisas caminhando de lá para cá sem virem até mim. Mas, confesso que sou paciente: como uma búfala, que é bruta, que também pode ser delicada em sua espera.
Eu, na verdade absolutamente masculina de minha natureza, sinto a necessidade de me encarcerar na mágica da embriaguez, pois que com o deleito sofrido eu sinto o que é ser mãe. E quando a noite cair, meu filho gritará:
- Mas mãe, a noite me é tão escura!
- Pois sim, meu filho!
Dai-me tua mão. Pois Deus também precisou dar sua mão à mim. Pois o meu segredo é 13.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Ceci n'est pas une pipe.

É, sim! - Uma travessia extremamente arriscada. É possível observar os corpos se retorcendo em equilíbrio, as mãos se agitando no ar, o rosto suado - difícil se manter parado, com os olhos cegos, sentindo os pés nus vacilarem a meio fio; pois, eles poderiam levantar suas mãos e então voar, alçar voo para terras não descritas pelos marujos que se perderam há milhares de anos por mares inexistentes; ah sim! - aqueles homens, de braços bronzeados - estes dai só sabem mesmo é fingir!
- Vamos rumo ao sul! - grita o comandante.
Mas a espada não está afiada a ponto de que todos os tripulantes perfurem em fúria a rosa dos ventos; enquanto o sol vai chovendo sobre as cabeças, as águas do mar se mordem em espumas...
... mas, por um instante, ele para na praça pública e observa a grande estátua emergir ao centro, com o escuro da noite se espargindo em todos os cantos; a estátua também é pública enquanto todos os olhos a tocarem em seus cílios de barata velha; ele se aproxima com dificuldade, sentindo que a sua respiração era extremamente dificultada por aquela acidez de gengibre que roça toda a boca; as sinuosidades, os traços incertos, tudo parecia um terrível engano; a estátua era apenas cega;
mas ele jamais poderia fazer algo enquanto visse o carro partindo, enquanto o asfalto sustentasse aquela leveza com que o pneu do automóvel sibilava aquela canção acinzentada; cada vez mais tudo se tornava tão distante, ele observava aquele cabelo cheirando a amêndoa partindo para algo que nunca lhe pertenceria  - sim, com modo ele deveria se entregar a eternidade? Pois, ele nunca possuiría aquela coisa mole que lhe escorregava dos dedos e que era tão transparente que enxergava os próprios pés encardidos... é assim que ele jamais viveria, pois,
um dia, vivendo de extremos riscos, ele caiu para o Nada quando o fio que o sustentava se partiu; foi assim que seu barco naufragou quando a primeira onda lhe abateu; a estátua lhe enfiou uma espada no seu estômago; o carro despencou no horizonte;
o que seria daquele homem, meu Deus?

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