segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Cidade de Papel.

Talvez, se eu soprasse do alto da torre, tudo se desfaleceria como uma lágrima...
Pois nem mesmo uma sombra se deitava sobre as praças, sobre os altos prédios, sobre as pessoas... nada encobria o movimento - mas da solidão eu só pude pressentir. As pessoas não estão vivas nem mortas: são sonâmbulos. As noites, assim como os dias, são brancos. Nenhum pássaro voa no céu - mas neste mesmo céu azul é que passei meus momentos de terrores, onde por momentos eu achei que fosse cair para a transparência impávida desses dias quentes. Para onde eu ia abismar?, eu perguntava. Mas eu acho que não soube adivinhar a resposta.
Se Brasília fosse um pássaro, seria manso. Prenderia-a em minhas mãos e então libertaria a sua força delicada.
Uma corsa.
Ou um cavalo ameno. Encosto minha cabeça em seu tenro pescoço e no entanto sinto o pulsar célere de seu sangue.
Brasília.
Eu pisaria em sua mornidão, em sua fragilidade. Assim como eu embalaria em meu colo para preservar o sonambulismo que te consome. Essa noite sem fim onde a ave de ferro procria seu pássaro negro, prestes a lançar sua rajada. Brasília é uma ameaça: algo está prestes a explodir em convulsões vulcânicas.
Ou isso tudo é apenas eu?
Pois eu espiei o rosto de uma pessoa de Brasília. Quis adivinhar seus segredos - seus passados. Também quis encontrar Deus. Abri meus braços no alto da torre, mas o que vi foi apenas a minha sombra estendida no chão.
Deixo em Brasília uma lembrança: a saudade do meu antigo ódio, o amor pela vingança...
... só me resta o desejo de paz.

Um comentário:

  1. e amo a naturalidade que vc passa algumas coisas...fazia tempo q não aparecia por aqui, p ler seus textos...aodror o jeito q vc escreve, ja disse isso neh...
    a repito...


    lovis vc

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