Pois nem mesmo uma sombra se deitava sobre as praças, sobre os altos prédios, sobre as pessoas... nada encobria o movimento - mas da solidão eu só pude pressentir. As pessoas não estão vivas nem mortas: são sonâmbulos. As noites, assim como os dias, são brancos. Nenhum pássaro voa no céu - mas neste mesmo céu azul é que passei meus momentos de terrores, onde por momentos eu achei que fosse cair para a transparência impávida desses dias quentes. Para onde eu ia abismar?, eu perguntava. Mas eu acho que não soube adivinhar a resposta.
Se Brasília fosse um pássaro, seria manso. Prenderia-a em minhas mãos e então libertaria a sua força delicada.
Uma corsa.
Ou um cavalo ameno. Encosto minha cabeça em seu tenro pescoço e no entanto sinto o pulsar célere de seu sangue.
Brasília.
Eu pisaria em sua mornidão, em sua fragilidade. Assim como eu embalaria em meu colo para preservar o sonambulismo que te consome. Essa noite sem fim onde a ave de ferro procria seu pássaro negro, prestes a lançar sua rajada. Brasília é uma ameaça: algo está prestes a explodir em convulsões vulcânicas.
Ou isso tudo é apenas eu?
Pois eu espiei o rosto de uma pessoa de Brasília. Quis adivinhar seus segredos - seus passados. Também quis encontrar Deus. Abri meus braços no alto da torre, mas o que vi foi apenas a minha sombra estendida no chão.
Deixo em Brasília uma lembrança: a saudade do meu antigo ódio, o amor pela vingança...
... só me resta o desejo de paz.
e amo a naturalidade que vc passa algumas coisas...fazia tempo q não aparecia por aqui, p ler seus textos...aodror o jeito q vc escreve, ja disse isso neh...
ResponderExcluira repito...
lovis vc