domingo, 12 de setembro de 2010

Juro que não sei...

Tenho, com certa freqüência, esquecido de regar as plantas.

Tenho,

também,

esquecido de responder os recados da minha caixa postal.

Não abri uma carta –

só vi no verso do envelope umas letras miúdas...

Não abro mais a porta;

nunca deixo as pombas ciscarem em meu quintal...

Tirei o telefone do gancho e

não reguei as rosas do meu jardim.

Quando saí de casa,

saí de fininho – na ponta dos pés.

E no caminho – de algum lugar –

Eu esmigalhava com meus pés uma imensidão de coisas ignoradas,

folhas mortas que caíram do céu e que aveludaram meu caminho...

não quis fazer barulho,

assustar os transeuntes,

mas acho que me enganei mais uma vez,

com a esperança de que,

como as folhas secas de outono,

o vento carregasse cada lágrima que ia eu deixando pra trás

formando atrás de mim um rastro prateado

de poeira e solidão...

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