(Assim. Assim. Bem: 30 de Janeiro).
Meu grande amigo Joaquim:
Há quanto tempo não nos vemos hein? Por que não apareceu mais? Tem mesmo até fugido dos meus pensamentos – só agora – nesse momento em que escrevo – te resgato lá do fundo de mim mesmo. (Sim, lá daquele fundo bem fino que é o da imaginação. Respiro profundamente: é a minha inspiração, Joaquim!). Pois bem, pois bem. Mas agora, colocando os meus pensamentos em ordem, crio teu corpo, teus braços, teu rosto. Mas por que essa barba tão longa hein, Joaquim? Assim, quero te pontuar
Bem Joaquim, já que há tempos que não me escreve – e nem eu te escrevo – então é hora de colocarmos a conversa
Choveu agora há pouco. Horário de verão, é quase oito da noite. E olha que lindo: o sol se pondo! As nuvens tão grossas encimando o ar, mas o sol... e tudo está coberto pelo tênue esgarçar laranja do pôr do sol. Pois é meu caro Joaquim, e eu aqui inquieto. Agora, o arco-íris. Se quiser, pode rir de mim. Eu não ligo, mas eu quero isso: eu quero o segredo do fim do arco-íris desmanchando-se em lágrimas das sete cores para que eu pinte um quadro tão real que ninguém acreditará vendo com esses olhos tão humanos. Será preciso sonhar para vê-lo. Não ria. Assim como agora onde em mim eu sinto as vibrações de cores fortes. Quero pintar em palavras a cor do vermelho misturando-se ao roxo num grito de desespero como um animal se debatendo
Joaquim. Eu sei, nesse momento em que te escrevo eu estou um pouco triste – as minhas lágrimas se escondem atrás de minhas pálpebras. E eu não tenho medo e digo: eu sou feliz! (não ria.) Mas eu sei que essa minha alegria é daquela que dói quase que
Então por enquanto é isso Joaquim. Não tenho mais nada a dizer. Escrever agora foi tão bom! Sinto um alívio de um sopro. Me senti vivo. E sei que não pararei por aqui. Há tanta coisa que eu não entendo e que preciso compartilhar com alguém. Mesmo que de modo incompreensível. Mas é que as coisas são assim mesmo. Escrever agora tão subitamente teve o valor e o encanto de um mistério enevoado
Aguardo notícias suas com o coração impaciente viu Joaquim?
Um grande abraço, ao tamanho de meu amor e saudades por ti!
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